Primeira equipe de robótica da Ilha do Marajó compete em Belém
Quem visita o município de Soure, no Marajó, maior arquipélago flúvio-marítimo do planeta, fica encantado pelas paisagens paradisíacas formadas por praias, rios amazônicos,cortejos de búfalos e revoadas de pássaros. O que muita gente não sabe é que Soure também é terra de robótica. E a história que começou em 2017, por acaso, na sala da casa da professora Rosa Atroch, ganhou corpo e neste final de semana ganha um novo capítulo durante o Torneio SESI de Robótica First Lego League, uma das maiores competições de robótica educacional do mundo, que pela primeira vez é realizada no Pará, nos dias 31 de janeiro e 01 de fevereiro, no SESI Ananindeua.
Após uma trajetória de muito treino, aprendizado e contando principalmente com o apoio dos pais, uma equipe formada por oito jovens de Soure, a Green League, chegou a Belém esta semana para encarar os desafios da disputa que vai reunir outros 21 times do Pará, Maranhão e Amapá. “Participar do torneio é bem desafiador porque não se trata apenas de movimentar os robôs na mesa, envolve outras tarefas como o core values, o fato de ter que apresentar projetos de inovação são situações novas para os alunos que muitas vezes têm vergonha de falar em público. Mas tudo isso a gente foi aprendendo e desenvolvendo dentro da equipe”, explica a professora Rosa Atroch, 33 anos, que leciona Ciências e Biologia, na rede pública estadual do município marajoara.
Segundo Rosa, o Torneio de Robótica do SESI é uma oportunidade para passar da teoria à prática. “Quando soube que teria o Torneio em Belém, fiquei muito animada. Fiz logo a inscrição e o SESI nos deu todo o apoio, apresentando todo o funcionamento do torneio. Nossa expectativa é participar sempre desse evento, mas das próximas vezes trazendo todo mundo da escola para estar aqui junto com a gente”.
Para a estudante Maria Eduarda Silva, de 13 anos, que compõe a equipe do Marajó, o contato com a robótica ajudou a melhorar o aprendizado de forma geral, em especial a matemática. "Eu nunca havia visto robótica onde eu estudo e como sempre fui uma pessoa muito curiosa fiquei animada em aprender. No início, eu fiquei boiando, sem entender bem aqueles códigos que fazem o robô funcionar, mas depois passei a gostar muito da área de programação e isso vai me ajudar muito no meu futuro", explica Maria Eduarda.
Como tudo começou - Rosa e o marido, Henrrik Luibran, graduado em Química com especialização em Educação para Jovens, foram os idealizadores e fundadores da escolinha de robótica Super Gênius, primeira e única iniciativa do segmento na cidade, por onde já passaram mais de 200 jovens. Tudo começou em 2017, quando Rosa estava em Belém fazendo seu mestrado em Educação e levou o filho João Henrique, na época com 09 anos, para visitar uma mostra de robótica no shopping. Ao perceber o interesse do filho, resolveu que, ao retornar para Soure, abriria um espaço onde pudesse ensinar robótica não apenas para o filho, mas para outras crianças da cidade.
“Comecei a pesquisar tudo sobre o assunto e descobri os kits da Lego. Fiz um empréstimo consignado e comprei um kit. Depois disso meu marido e eu fizemos cursos, ele de Arduíno no SESI e eu fiz cursos a distância da Lego. Aí chamamos alguns amigos que também tinham filhos e começamos a ensinar. E para tentar alcançar mais crianças, fomos também visitar as escolas públicas, uma experiência muito bacana porque quando as crianças descobriam que iam poder tocar, virar um botãozinho do robô, ficavam muito animadas porque nunca tinham visto algo assim de perto”, explica.
Formada em Ciências Biológicas, com especialização em Biotecnologia e mestrado em Ensino de Ciências, agora está fazendo também uma especialização em Robótica Educacional. “Nosso plano é manter as escola e expandir esse conhecimento pelos interiores do Estado, onde as crianças não têm acesso a esse tipo de oportunidade”, afirma a professora.